Hy-Brasil começou a aparecer nos mapas em 1325.
Sem dúvida, você já
ouviu falar bastante sobre Atlântida, a cidade perdida no meio do oceano que
separa as Américas da Europa e África. A lenda foi tão famosa na antiguidade
que, até hoje, se fala do local. Entretanto, o que muita gente não conhece é a
lenda da segunda ilha perdida no Atlântico. Essa seria a Ilha de Hy-Brasil,
encontrada por alguns navegadores a oeste da Irlanda. As histórias desses
exploradores são tão vívidas e, em certo ponto, coerentes, que a maioria dos
mapas feitos nos séculos XIV e XV posicionam o local praticamente na mesma
região.
Muita gente
acredita que o mito de Atlântida teria profundas relações com a possível
existência de Hy-Brasil. As descrições de ambas as lendas falam de uma
sociedade avançada cheia de riquezas e perdida no meio do oceano. Ao contrário
de Atlântida, que estaria afundada para sempre no mar, Hy-Brasil é um local que
aparece aos olhos humanos uma vez a cada sete anos.
O nome do Brasil tem a ver com essa ilha mitológica?
Existe a
possibilidade de isso ser verdadeiro. Entretanto, como sabemos, o Pau Brasil é
a fonte mais provável do nome de nosso país, mas a origem da designação dessa
árvore pode ser relacionada às lendas de Hy-Brasil. Fora isso, como a ilha
seria um local cheio de riquezas, é possível ainda que o país tenha de fato
recebido esse nome por conta também de suas riquezas naturais em analogia.
Outra teoria mais
especulativa fala sobre os elementos da nossa bandeira relacionados ao formato
da ilha de Hy-Brasil. O local mitológico seria uma formação de terra em formato
de um círculo perfeito com um canal em semicírculo o cortando ao meio.
Coincidência ou não, o círculo central da bandeira brasileira tem exatamente
esse desenho.
Hy- avançada, cheia
de ouro, prata e outras riquezas Brasil seria uma sociedade. ,
O globo do céu azul
com as estrelas representando as unidades da federação é cortado por uma figura
no mesmo estilo do canal de Hy-Brasil, onde encontramos o nosso lema.
Entretanto, o significado oficial para essa representação é simplesmente a
Linha do Equador que cortava o norte do antigo território do Pará.
O surgimento da lenda
A ilha misteriosa
que aparece a cada sete anos começou a ser colocada nos mapas a partir de 1325,
muito tempo antes dos portugueses chegarem a esta parte da América. O
cartógrafo genovês Angelino Dalorto marcou a ilha a oeste da Irlanda. Depois
disso, diversos cartógrafos seguiram o exemplo do genovês e fizeram o mesmo.
Como a localização
marcada nos mapas, a ilha passou a ser procurada com o objetivo de verificar a
sua existência e definir a sua localização correta. Entretanto, a tarefa nunca
foi fácil. Mesmo assim, alguns navegadores afirmam ter conseguido colocar os
pés no local mitológico e trazido ouro, prata e até um ancião provenientes de
Hy-Brasil.
Uma neblina deixa transparecer a ilha a cada sete anos. ,
Expedições saíram de Bristol em 1480
e 1481 para procurar a Ilha Brasil, e uma carta escrita pouco depois do retorno
de John Cabot de sua expedição de 1497 relata que a terra por ele encontrada
(hoje chamada Terra Nova) havia sido "descoberta no passado pelos homens
de Bristol que encontraram Hy Brasil".
Em 1636, um certo capitão Rich
reportou ter avistado a ilha Brasil para além da costa da Irlanda com “um
porto, e terras cultivadas no interior”, mas quando tentou um desembarque, ela
“desapareceu na neblina”.
Outro relato vem de 1644 de Boullage
Le Gouz, que afirmou que “a três milhas do seu navio viu a ilha fantasma, com
árvores e gado”.
Uma carta muito longa escrita em 1675
por William Hamilton de Derry contém um dos relatos mais detalhados de
O’Brazile. Endereçada ao primo vivendo em Londres, a carta explica porque outro
primo comum, Mathew Calhoon, havia requerido a Charles I de Inglaterra a
concessão de uma patente de propriedade para a ilha encantada de O’Brazile.
Calhoon acreditava que “a ilha tinha sido completamente descoberta… e o
encantamento quebrado.”
Hamilton relata como a ilha tinha
sido encontrada pelo capitão John Nisbet de Killybegs, em County Donegal,
Irlanda, em 1674. Em Setembro desse ano, Nisbet Donegal, encheu vários navios
com manteiga, sebo e couro e velejou para França; na viagem de regresso comprou
vinhos franceses. Quando estava perto da costa da Irlanda na volta de regresso,
e exatamente quando o Sol se levantava, “subitamente caiu o mais terrível e espesso
nevoeiro sobre o mar, que continuou durante três horas”. Então, a névoa
levantou-se e ele e seus homens encontraram-se numa costa desconhecida. Eram
águas familiares aos marinheiros, mas este lugar era-lhes completamente novo.
Uma vez que o vento os levava perigosamente perto de terra, com rochedos não
muito longe, sondaram o fundo do mar e ancoraram com três braças (5,5 metros)
de profundidade.
Quatro dos oito tripulantes foram a
terra. Depois do desembarque, atravessaram “um pequeno bosque… e encontraram um
vale verde muito agradável cheio com muito gado, cavalos e ovelhas
alimentando-se. Viram um castelo muito forte e dirigiram-se a ele para
procurarem saber onde estavam e o que deviam fazer. Mas ninguém lhes respondeu
às suas pancadas na porta, nem ouviram algum som de alguma criatura - nem
sequer o ladrar de um cão. Passaram o resto do dia explorando a ilha, e embora
vissem muitos animais, não havia ninguém a quem perguntar onde estavam. Com a
aproximação da noite, regressaram para a costa e fizeram uma fogueira para se
aquecerem do frio. Imediatamente, ouviram um “som terrível e hediondo” vindo de
toda a ilha, mas especialmente do castelo; terrificados, apressaram-se a ir
para o navio.
Na manhã seguinte, logo que o Sol
subiu, um homem idoso e os seus seguidores apresentaram-se na costa da ilha. Os
marinheiros aprenderam então que os antepassados do ancião tinham sido outrora
príncipes nesta ilha, chamada O’Brazile, mas que ele e outros tinham sido
“tiranicamente encerrados no castelo pelas artes maliciosas de um negromante”
que amaldiçou a ilha, tornando-a inútil e invisível a mortais. Mas agora, o
“feitiço de encantamento fora quebrado [pelo fogo], o tempo maldito tinha
expirado” - eles eram agora livres do aprisionamento, e a ilha podia ser de novo
visível para sempre.” Roderick O’Flaherty, em A Chorographical Description of
West or H-Iar Connaught (1684) conta que “Há uma pessoa ainda viva, Morogh
O’Ley, que imagina que esteve pessoalmente em O’Brasil por dois dias e viu para
além dela as ilhas de Aran, Golamhead, Irrosbeghill e outros lugares no
continente ocidental com que está familiarizado.” Outros navegadores alegaram
ter visto a ilha ou mesmo desembarcado nela.
A última vez em que a ilha Brasil
teria sido divisada foi no verão de 1872, quando o escritor T. J. Westropp e
vários companheiros viram a ilha aparecer e desaparecer. Era “uma tarde clara,
com belo pôr-do-sol dourado, quando no momento em que o Sol se punha, uma ilha
negra apareceu subitamente no horizonte, longe no mar, mas não no horizonte.
Tinha duas colinas, uma arborizada; entre elas, numa planície baixa, erguiam-se
torres e rolos de fumo”. Outros, navegando com ele, “viram-na ao mesmo tempo…
com uma aparência tão realista.” Esta teria sido a terceira vez que Westropp a
via, mas nessa viagem levou sua mãe e alguns amigos para verificar a existência
da ilha.
O relato mais
famoso sobre uma viagem ao local foi o do Capitão irlandês John Nisbet. Segundo
ele contou, seu navio estava navegando próximo à costa irlandesa e, de repente,
uma neblina se formou. Assim que ela desapareceu, os tripulantes perceberam que
o barco estava já muito próximo das rochas. Eles ancoraram e, em seguida,
quatro membros da tripulação foram visitar a ilha.
Um dia após a
partida, os visitantes voltaram ao navio com ouro e prata e trouxeram também o
velho homem mencionado anteriormente. Assim que o navio retornou para a costa
irlandesa, outro foi mandado para Hy-Brasil, que também conseguiu encontrar o
local. Além desses, dezenas de histórias foram contadas sobre o lugar que nunca
mais pôde ser comprovado.
Além disso, estudos
na região onde deveria estar a ilha de Hy-Brasil mostram que já pôde ter
existido terra firme naquele local, levando em conta traços como a presença de
algumas conchas e o relevo do fundo do mar ali e até no norte da Irlanda.
A localização exata da ilha nunca pôde ser comprovada. ,
Hoje, mesmo com o
monitoramento por satélite de todo o globo, a ilha de Hy-Brasil nunca mais foi
avistada. Se a lenda realmente fosse verdadeira, isso poderia ser explicado
pelo curto período de aparição do local, que pode ter driblado as visitas dos
satélites sobre a Irlanda.
Mas o que você acha? Esta ilha misteriosa realmente
existe ou existiu nos séculos
anteriores? Teria Teixeira Mendes, o criador do
formato atual de nossa bandeira, se
inspirado no desenho da ilha misteriosa?
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FONTE -Historic Mysteries
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