Por que desaparecem aviões e navios no Triângulo
das Bermudas?
Mais de 100 navios e aviões desapareceram, desde o final da Segunda
Guerra, entre o arquipélago das Bermudas, o estado da Flórida, nos Estados
Unidos, e a cidade de San Juan, em Porto Rico. Os limites dessa região formam
um triângulo imaginário sobre as águas do mar do Caribe que há séculos desperta
temores. Ainda assim, a fama do Triângulo das Bermudas como cenário de
fenômenos inexplicáveis cresceu mesmo a partir de dezembro de 1945, quando
cinco aviões da Marinha americana sumiram sem deixar vestígios.
As especulações sobre o incidente e a lembrança de casos semelhantes
deixaram muita gente curiosa e logo a mídia passou a explorar o assunto em
livros, filmes e programas de TV. Publicado em 1974, o livro O Triângulo das
Bermudas, do escritor americano Charles Berlitz, vendeu 20 milhões de
exemplares levantando hipóteses como a de que naves alienígenas teriam
seqüestrado as embarcações desaparecidas no local.
Como o interesse popular crescia, os cientistas começaram a levar o
assunto a sério, buscando uma resposta plausível. Uma das teorias que hoje tem
certo crédito no meio científico culpa o gás metano, presente no subsolo
oceânico do Triângulo, pelos mistérios. "A liberação do metano reduz a
capacidade de flutuação de um navio e pode afundá-lo", diz o físico Bruce
Denardo, da Escola de Pós-Graduação Naval de Monterey, nos Estados Unidos. Além
do risco de naufrágio, o gás também provocaria explosões ao atingir a
atmosfera. "Por ser uma forma bruta do gás de cozinha, o metano pode
entrar em combustão com a faísca de um motor de barco ou avião", afirma o
geólogo Carlos José Archanjo, da Universidade de São Paulo (USP).
Essa teoria, porém, está longe de ser uma unanimidade. Para vários
especialistas há muito exagero em torno do assunto. Fenômenos bem mais comuns, como
tempestades, explicariam boa parte dos naufrágios e muitos podem ter ocorrido
longe da área. Em 1975, no livro The Bermuda Triangle Mystery - Solved ("O
Mistério do Triângulo das Bermudas - Solucionado", inédito no Brasil), o
ex-piloto americano Larry Kusche mostra o trabalho de meses de investigações
sobre vários incidentes e conclui que os aviões desaparecidos em 1945 caíram no
mar por causa da simples falta de combustível.
De qualquer forma, as histórias sobre o Triângulo ainda impressionam. A
catarinense Heloisa Schurmann, matriarca da família que deu a volta ao mundo em
um barco entre 1984 e 1994, navegou pela região com o marido Vilfredo em 1978.
E não tem boas lembranças: "Quando entramos no arquipélago das
Bahamas, uma forte tempestade se aproximou. De repente, vimos um redemoinho de
água vindo em nossa direção. Imediatamente mudamos de rumo e fugimos daquele
lugar."
Gás suspeitoAlguns cientistas supõem que o metano
pode explicar o mistério
1. No subsolo oceânico do Triângulo, há metano estocado como hidrato
gasoso, em estruturas como cristais de gelo. O movimento das placas tectônicas
muda a pressão e a temperatura das profundezas, transformando esse hidrato em
gás
2. O gás de metano sobe para a superfície em forma de bolhas e reduz a
densidade da água, fazendo com que os barcos percam sustentação e afundem
3. As bolhas também podem liberar o gás na atmosfera e a faísca do motor
de um avião que passe pelo local nesse momento seria suficiente para provocar
uma explosão
Um mistério de séculosRegião do Caribe é cenário de fatos
estranhos desde antes da era cristã
500 a.C. - Pesadelo fenício
Os fenícios - civilização de exímios navegadores que surgiu onde hoje
fica a Síria - temiam monstros que se moviam num oceano de algas. Hoje, há
especialistas que vêem nisso uma indicação de que eles teriam chegado ao mar de
Sargaços, área infestada de algas que se estende sobre o Triângulo
Século XV - Os sustos de colombo
O navegador Cristóvão Colombo também temia essa parte do mar do Caribe.
Em seu diário de bordo, ele menciona estranhos acontecimentos no local, como o
mau funcionamento de sua bússola e a presença de luzes emergindo do oceano
Século XVIII - Primeiro naufrágio
Em 1790, o barco do espanhol Juan de Bermudez afundou na região, mas ele
conseguiu chegar a uma ilha que chamaria de Bermudas, por causa de seu
sobrenome. O navegador não só esteve num dos primeiros naufrágios registrados
no Triângulo como ainda batizou o arquipélago
1945 - O caso mais polêmico
Cinco bombardeiros Torpedo, da Marinha americana, decolam de Fort
Lauderdale, na Flórida, e desaparecem com 14 tripulantes a bordo. O incidente
do chamado Vôo 19 (seu número de controle no tráfego aéreo) tornam a região
mundialmente famosa como local de sumiços misteriosos
1951 - Gigante desaparecido
Um avião-cargueiro C-124, da Força Aérea americana, deixa de ser
registrado por radares ao sobrevoar o Triângulo. Considerado um dos maiores
aviões de carga do mundo, ele levava 52 tripulantes
1963 - Rotina de sumiços
O navio-cargueiro Marine Sulphur Queen, de 425 pés (129,45 metros),
desaparece com 39 homens a bordo. Nenhum sinal de socorro foi emitido e o navio
jamais foi encontrado
1972 - O último caso
O desaparecimento do cargueiro alemão Anita, de 20 mil toneladas e com
32 ocupantes, foi o último acontecimento misterioso do Triângulo a ter grande
repercussão em todo o mundo
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